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terça-feira, 14 de julho de 2009

Direitos humanos e cidadania no Brasil: algumas reflexões preliminares

Como sugere o tema deste painel, as discussões sobre direitos humanos costumam estar articuladas com debates relativos a questões de cidadania, especialmente se tomarmos como referencial privilegiado a versão moderna da discussão, a partir da "Bill of Rights" Inglesa de 1689, da Declaração da Independência dos EUA em 1776, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França em 1789 ou da Declaração Universal dos Direitos do Homem proclamada pela Organização das Nações Unidas em 1948. Neste sentido a noção de direitos humanos remete a idéia de direitos civis (Downing & Kushner, 1988) que, por sua vez, está freqüentemente associada às idéias correlatas de direitos políticos e de direitos sociais2. Poder-se-ia dizer que, se os direitos humanos remetem, inicialmente, a uma concepção onde o mundo está dividido em Estados-Nação que devem respeitar os direitos de seus cidadãos, sugere também a idéia de uma cidadania mundial que seria consubstanciada na institucionalização de direitos universais, compartilhados por todos os cidadãos do mundo.

(...)

"...as relações pessoais...têm muito mais peso que as leis. Assim, entre a lei impessoal que diz não pode e o amigo do peito que diz 'eu quero`, ficamos com o amigo do peito e damos um jeito na lei. Entre nós, é o conjunto das relações pessoais, nascidas na família e na casa, que tende a englobar -- em geral perverter o mundo público e não o contrário... (1991b:17).

Ao dar "um jeito na lei" invertemos a situação de subcidadãos para a condição de supercidadãos e, freqüentemente, transformamos direitos em privilégios. Isto é, garantimos o acesso a serviços, benefícios ou oportunidades através de mecanismos que não são passíveis de legitimação no âmbito da lógica universalista e niveladora da cidadania e dos direitos iguais, característica da esfera pública. Nestas circunstâncias, a realização de nossos objetivos requer a utilização da lógica da relação e da distinção para substantivar a condição especial (superior e privilegiada) que reivindicamos no processo.

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quarta-feira, 1 de julho de 2009

A busca da cidadania num contexto de luta permanente pela sobrevivência

Ao chegar ao CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança), no Sub-Programa de Proteção Especial à Criança, Adolescente e Família, tive a sensação de que estava diante de um grande nome, um grande prédio, e um grande desafio.

Um bairro pobre, trabalhar com "famílias", grandes questões para conhecer e tentar transformar. Lutamos com a falta de tudo, inclusive de ar. Com pessoas com fome, que perderam o encanto pela vida, a auto-estima, a identidade, o respeito por si mesmo.

Um mundo de injustiças sociais onde lhes roubaram a identidade e a cidadania. Mil idéias, mil histórias, ilusões e o desejo de fazer toda a cidade conhecer, discutir e mudar este triste quadro: a luta permanente pela sobrevivência! Me enchi de idéias e caí em campo, ou melhor, pisei na lama e dela tirei lições de vida: algo precisa ser feito. Chega de teorias revolucionárias! Agir rápido e diretamente no problema, foi o meu ponto de partida.

E aqui estou eu, envolta com os problemas do bairro, com os problemas da sociedade, com os meus problemas. Com a busca de um mundo novo, apesar das injustiças.

Nosso trabalho é árduo. Nossa esperança esbarra em questões maiores que esse prédio. Mas, há luz no fim do túnel, luzes que brilham em forma dessa gente trabalhadora e sofrida que ilumina tudo com sua luta.

Estamos trabalhando com Clube das mães, tentando fazer uma horta comunitária, formar grupos de terceira idade.

Tentando e buscando dias melhores.

Os desafios são imensos, do tamanho de nossa esperança.

Esperança que procuramos transformar em ações concretas, num país massacrado, desacreditado, onde nada funciona a não ser a esperteza de alguns políticos. Fazer um trabalho de resgate ao respeito, auto-estima e à cidadania é o que buscamos. Por isso, resolvi deixar registrado aqui a minha esperança.

, Brasil, Caruaru, Pernambuco

Notas

Através do incentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.x

Fonte

Relato de experiencias ; Texto original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br